A explicação do título que encabeça esse post é bem lógica, mas antes de qualquer conclusão se faz necessário as seguintes observações:
1. É fácil encontrar pessoas que deixaram de acreditar e/ou seguir a esquerda;
2. É dificílimo, talvez até impossível, encontrar pessoas que deixaram a direita pela esquerda;
Ou seja, existe um movimento de migração ideológica partindo da esquerda para a direita ao passo que o contrário NÃO acontece. Quando o interruptor da razão é acionado na cabeça esquerdista, cai por terra o mundo pré-concebido e opressivo que exige o movimento revolucionário proposto pelo manifesto comunista. E quando a pessoa já compreende tal falácia, não faz o menor sentido dar qualquer credibilidade para Marx e seus amigos.
Ok, mas o que a fodas isso tem haver com a juventude e o viés de esquerda? Tudo!
Ora, somos muitos suscetíveis a acreditar em histórias da carochinha, principalmente quando jovens. Então façamos de conta que voltamos para o ensino médio e nosso professor de história - que por acaso é eleitor do PT - nos apresenta um rapaz alemão chamado Marx, e que o mesmo tem algo importante a dizer.
Segundo Marx temos o seguinte problema em nossa sociedade: poucas pessoas detêm os meios de produção (burguesia) e se utilizam destes para dominar e oprimir o restante das pessoas (proletariado), logo existe uma luta de classes inerente às sociedades, em que uma classe domina e explora a outra.
E não é que o barbudo alemão estava certo? É, parece que temos aqui um Sherlock Holmes das constatações sociais! Fico besta ao tentar imaginar como Marx chegou a essa conclusão sozinho, é um gênio (risos). Mas o que sobra de habilidade para estudar as sociedades em Marx falta na mesma proporção para resolver os furos de sua teoria (o que não cabe neste post enumerá-los). Atenhamos no momento para o princípio – meio que de Pareto – que consiste no seguinte: em todos os esforços humanos para realização de qualquer empreendimento INDIVIDUAL, somente poucas pessoas obtém sucesso. Existem bons músicos que emplacam as paradas de sucesso e vedem discos por décadas, enquanto há músicos que terão sequer uma única canção tocada no rádio. Há alguns autores vendendo mensalmente uma quantidade de livros superior às vendas de todo o restante editorial. Da mesma forma, existem alguns industriais dominando a incrível fatia de 70% de mercados ultracompetitivos, como se nota nas prateleiras de cervejas em que a Ambev é dona de 7 em cada 10 opções de marcas¹.
Estariam então os Stones oprimindo toda a classe das bandas que não conseguem igualá-los? Estaria George R. R. Martin utilizando-se de seu meio de produção (um computador com um editor de texto instalado) para oprimir todos os outros escritores de fantasia? Portanto, é inegável o fato de que uma minoria será extremamente sucedida ao passo que a grande maioria não irá (por isso nos lembra a distribuição de Pareto), logo não foi difícil para Marx concluir que uma minúscula parcela da sociedade detém a maior parte das riquezas disponíveis (como o capital e os meios de produção) enquanto todo o restante não. É através dessa constatação que nosso professor de história do ensino médio com a ajuda de Marx, nos apresenta a ideia pré-concebida de um mundo injusto, desigual, opressivo e etc. E para uma pessoa em processo de formação, uma ideia pré-concebida no ensino médio é tudo que ela precisa para “entender” o mundo.
Hey! Teachers! Leave them kids alone! |
É exatamente dessa forma que a juventude está sendo talhada no mundo contemporâneo. A inocência juvenil e a virgindade de sua orientação ideológica é um prato cheio para os movimentos de esquerda.
É muito simples para o professor marxista mostrar as injustiças de um mundo competitivo para jovens deslocados que não possuem nada (experiencial/materialmente), culpar algum determinado grupo por tamanhas desigualdades (a elite), e dessa forma martelar na cabeça juvenil que o único meio dela deter alguma coisa é "pondo o sistema para baixo" através de uma revolução. É aí onde o jovem revolucionário cai fácil no conto da carochinha e leva uma vida miserável até o momento em que o interruptor da razão é ligado, trazendo consigo a luz da verdade.
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[¹] Market Share dos grandes grupos de cervejarias, via Gazeta do Povo.
[¹] Market Share dos grandes grupos de cervejarias, via Gazeta do Povo.
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